quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

João Cabral, os poetas e os exibicionistas


O dia 9 de janeiro foi aniversário de um dos mais importantes escritores brasileiros: João Cabral de Melo Neto. Mas poucos se lembraram. O livro seu que mais me marcou foi “Morte e Vida Severina”, que fala das agruras do nordeste, a seca e seus problemas até hoje não solucionados. E a canção entoada em tantas montagens teatrais até hoje ecoando em minha mente, como o retrato da cruel desigualdade brasileira. Para os que desejavam ser e ter alguma coisa que fosse, restava apenas a morte e pás de terra sobre seus corpos gélidos. “É a parte que te cabe deste latifúndio, é a terra que querias bem dividida”.
Somos uma civilização de massas, eletrônica e consumista e tudo isso mudou muito a maneira do escritor e do poeta se situar no Brasil.
Li – e concordo – que já não temos poetas populares como foi Drummond, cuja estátua hoje se senta insólita diante da praia de Copacabana – vítima até de depredações – como uma lembrança de longe, muito longe.
Os poetas de hoje são anônimos, mas certas coisas só a poesia pode trazer e isso a torna eterna, porque é necessária, porque um mundo sem poesia é trágico e sórdido. Porque precisamos de mais poesias, tanto quanto precisamos de médicos e engenheiros. Porque somos seres humanos e não apenas animais que comem, dançam, brincam e só sabem falar de si mesmos. E sobre isto, João Cabral dizia: “Ninguém é tão interessante para falar de si mesmo o tempo todo”. 


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