O dia 9 de
janeiro foi aniversário de um dos mais importantes escritores brasileiros: João
Cabral de Melo Neto. Mas poucos se lembraram. O livro seu que mais me marcou
foi “Morte e Vida Severina”, que fala das agruras do nordeste, a seca e seus
problemas até hoje não solucionados. E a canção entoada em tantas montagens
teatrais até hoje ecoando em minha mente, como o retrato da cruel desigualdade
brasileira. Para os que desejavam ser e ter alguma coisa que fosse, restava
apenas a morte e pás de terra sobre seus corpos gélidos. “É a parte que te cabe
deste latifúndio, é a terra que querias bem dividida”.
Somos uma
civilização de massas, eletrônica e consumista e tudo isso mudou muito a
maneira do escritor e do poeta se situar no Brasil.
Li – e
concordo – que já não temos poetas populares como foi Drummond, cuja estátua
hoje se senta insólita diante da praia de Copacabana – vítima até de
depredações – como uma lembrança de longe, muito longe.
Os poetas de
hoje são anônimos, mas certas coisas só a poesia pode trazer e isso a torna
eterna, porque é necessária, porque um mundo sem poesia é trágico e sórdido. Porque
precisamos de mais poesias, tanto quanto precisamos de médicos e engenheiros.
Porque somos seres humanos e não apenas animais que comem, dançam, brincam e só
sabem falar de si mesmos. E sobre isto, João Cabral dizia: “Ninguém é tão
interessante para falar de si mesmo o tempo todo”.
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