terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mulheres: seus direitos e deveres


Chegando ao mês da mulher, é tempo de debater os direitos e deveres das mulheres. Deveres, sim, pois um ser humano que pleiteia para si direitos iguais deve estar preparado para o cumprimento de deveres. E digo isso porque vejo que muitas mulheres só querem o “venha a nós” e não o “vosso reino”, após me defrontar com tantas manifestações públicas feministas que envolvem principalmente a relação da mulher mãe com seu filho, bebê ou feto, que seja.
Seria o bebê uma mera extensão do corpo da mãe? Assim afirmam as abortistas de plantão, que enchem a boca para dizer que são donas de seus próprios corpos e não podem ser tolhidas do direito de extirpar dele o que bem quiserem, seja um nódulo, uma unha encravada ou um inconveniente feto.
João Pereira Coutinho, em seu artigo para a Folha, do dia 4 de fevereiro, aborda outra questão: a mania das mães de aluguel. Cada vez aumenta mais o número de mulheres pobres que alugam sua barriga. Um filho pode ser comprado por cerca de US$ 20 mil, na Índia, “como se compra uma mala Luis Vuitton”, compara Coutinho.
Como diz o mesmo Coutinho, parafraseando Kant: “Os seres humanos devem ser tratados como um fim em si, não como um meio para”. Não como um meio para prender o parceiro, não como um meio para realização pessoal, não como um meio para resolver o meu problema (no caso do aborto). Um ser humano em gestação é uma vida à parte e como tal deve ser preservado. Não estão sendo considerados os efeitos psicológicos futuros desse mercantilismo em torno da existência de um novo ser.
Temos falado muito em direitos. Tudo é relativo e cada um tem uma opinião que deve ser respeitada acima de todas as coisas. Será mesmo? Será que desejar é automaticamente passar a ter o direito? Inclusive o direito de se aproveitar de uma situação oportuna? Neste caso: o parco poder econômico de uma mulher carente e que, embora voluntariamente doadora, o faz por dinheiro, o que leva a pensar que se sua situação fosse a ideal não recorreria a meios tortuosos.
O argumento para avalizar o novo mecanismo de “adoção” é de que a doação do ventre e do óvulo é voluntária, mas até que ponto vai a liberdade de escolha de uma mãe desesperada em condição de miséria e educada em total ignorância? Impera apenas o direito da mãe rica, de comprar o bebê. Quais são exatamente os reais direitos da mãe que vende sua barriga e seu óvulo?
Voltando ao aborto, um dos argumentos mais toscos para justificá-lo é o matemático. Simples assim: com o aborto legal ter-se-ia a quantia de X mortos (os fetos), enquanto com o aborto ilegal temos a quantia de XX mortos (os fetos, que morrem de qualquer jeito, na ilegalidade, e as mães, que morrem por decorrência de um aborto mal feito). Então, com base nesse argumento, melhor seria legalizar o abordo e diminuirmos as mortes. Certo? Não parece lógico? Será que a estatística é a única fonte aplicável nesse caso?
A pura matemática vale para problemas de ordem econômica e financeira, mas não deve jamais ser o princípio cabal para questões éticas, que envolvem situações tão complexas, como a vida de seres humanos e tudo que o envolve, que vai muito além do cálculo simplista. Estamos no perigo de nos aproximarmos ainda mais de uma sociedade fascista, que não vê mal algum em simplesmente eliminar alguém porque é mais fácil eliminar do que ter de lidar com ele.
Criticamos os maias e outros povos tribais porque costumavam fazer sacrifícios para acalmar os deuses. No raciocínio deles, a solução para o problema da falta de chuvas ou das chuvas excessivas ou de qualquer intempérie que estivesse ameaçando a sobrevida da tribo, era perfeitamente normal. Matematicamente então nem se fala! Em vez de se perderem milhares de vidas, perde-se apenas uma. Os deuses se acalmam com o sangue derramado e fica tudo bem. Todos sabemos que tudo isso não passava de uma crendice tola, mas mesmo se fosse verdade, ainda que fôssemos regidos por deuses lunáticos, o sacrifício forçado de uma vida para salvar as demais seria louvável? Aceitável? Ético? Poderíamos defini-lo assim? Pensem nisso.
Existem muitas maneiras para se evitar uma criança, mas, ainda que todas elas tenham falhado, a simples rejeição da mãe não pode ser argumento suficiente para um assassinato. Pois se o óvulo fecundado, como tentam provar, ainda não é humano, então o que ele se tornará no futuro além de humano? Um dinossauro? Um ornitorrinco?
Essa não é a maneira certa de coibir o nascimento de crianças indesejáveis. Devemos procurar por outros caminhos. O caminho da reestruturação das famílias, o da valorização da mulher, como mulher que é. Que ela não busque ser igual ao homem só no pior. A mulher deve ser livre para ter uma carreira e ser reconhecida à altura de sua competência, tanto quanto o homem, mas às vezes penso que muitas mulheres foram além e quiseram imitar o homem em seu pior. O homem fuma? Vamos fumar três vezes mais. O homem bebe até cair? Vamos virar bebuns também, falar alto, agir como um moleque de rua, que é o que vejo em frente a muitas escolas. A feminilidade, que é tão preciosa, jogada às favas.
Ser respeitada como mulher é ter direitos iguais, não é ser igual. Ninguém é igual a ninguém. E graças a Deus. Marilyn Monroe dizia: “A mulher que quer ser igual ao homem tem falta de ambição”.
E para as que querem ser iguais, fica o recado: que estejam então também dispostas a pagar o preço. Que não reclamem depois se o pai do filho se negar a assumir a criança. Se a mulher tem direito de rejeitá-la, por que o homem não teria? Afinal, não somos todos iguais?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Preconceito e prejuízo de um lado; gentileza e lucro de outro


O caso do garoto negro filho de pais brancos discriminado em uma loja da BMW deve levar comerciantes a refletirem se o atendimento em suas lojas tem sido pautado pelo preconceito. Se sim, preparem-se para o prejuízo. Se estão atendendo bem e com gentileza (tema do próximo Encontro da Mulher Empresária de Catanduva), preparem-se para os lucros.
A rádio CBN fez uma pesquisa colocando dois repórteres, um negro e um branco, para serem atendidos em lojas do comércio do Brasil. Os dois de idades próximas, vestindo roupas semelhantes. O tratamento dado ao negro foi pior em grande parte dos estabelecimentos comerciais cariocas. Em uma loja de roupas masculinas, ao negro foi oferecido um terno mais barato.
Preconceito é sinônimo de prejuízo em inglês (prejudice). Como bem disse o economista Marcelo Miterhof, articulista da Folha, “evitar comer um queijo mofado pode ser sensato, mas corre-se o risco de desprezar uma iguaria”.
Atendimento bom é atendimento bom para todos, mas no Brasil ser negro é sinônimo de ser pobre. Muitos negros são mal atendidos porque o vendedor pensa que ele não terá condições de comprar algo de grande valor. Outros ainda são julgados pela roupa. Quando trabalhei numa concessionária de carros circulava uma história de que um senhorzinho de aparência caipira, trajando roupas gastas e chinelos, apareceu na loja interessado nos carros mais caros e quase não lhe deram atenção. No dia seguinte ele voltou e comprou o carro mais caro. E à vista! Era um rico fazendeiro das redondezas. Como se vê, pré-julgar nunca é bom. Mas ainda que esse senhorzinho fosse mesmo tão simples e pobre quanto suas roupas denunciavam, não mereceria ele um bom atendimento? Afinal, quem faz bem feito faz bem feito como padrão de vida, não importando a quem. Não seria este o sentido de bondade e gentileza que tanto buscamos atingir e que nos faz humanos? Mesmo uma criança pedindo esmolas também mereceria um olhar mais atento, em vez de ser simplesmente posta pra fora.
A pobreza do país é um incômodo com o qual ninguém gosta de lidar, mas o egoísmo e a ignorância dos que podem fazer alguma coisa podem sair caro demais. Para todos.