quinta-feira, 21 de março de 2013

O beijo da morte




As últimas palavras de Hugo Chávez antes de morrer: "Eu não quero morrer, não me deixe morrer".
Quais seriam as nossas últimas palavras no momento final, se tivéssemos consciência para proferi-las?
É certo que o apego à vida e o medo da morte são considerados naturais. Mas nós cristãos não devemos temer a morte. Devemos amar a vida e vivê-la bem, pois só quem a vive bem e honestamente pode morrer bem. Sim, é possível morrer bem. Podemos temer a dor e o sofrimento. Podemos não querer nos separar dos que amamos e temer pelo que será deles se nos formos desta vida, mas todo cristão pode e deve rir da cara da morte e quando ela vier nos beijar, como nesta escultura num cemitério de Barcelona, poder dizer: "Oh, morte, onde está a sua vitória?".
Cristo venceu a morte por nós na cruz, morrendo e ressuscitando ao terceiro dia e aparecendo aos discípulos em corpo glorificado na forma como o conheceram para nos mostrar a sua vitória sobre a morte e a vitória que ele conquistou também para nós, seus filhos. A essência do Cristianismo não é a cruz, não é a morte de Cristo. A base forte do Cristianismo é a ressurreição da alma e do corpo. Sem a crença nisso a nossa fé é vã, como pregou Paulo aos filósofos gregos, os quais também acreditavam na vida após a morte e na alma, mas o que intrigou os gregos, a "novidade" que Paulo vinha contando, de fato, era não somente a ressurreição da alma, mas também a do corpo, em tempo oportuno, que só cabe a Deus saber.
Sim, você verá seu pai, sua mãe, seus amados e entes queridos que já se foram desta vida para o céu. E os reconhecerá com seus corpos. Glorificados, sim. Eternos, sim. Mas corpos. Corpos que, no final, venceram a morte, como pregou há cerca de 100 anos o pregador norte-americano Spurgeon, cujo estudo indico que pesquisem e leiam na internet.
É preciso portanto estar preparado para tudo. Preparado tanto para a pobreza quanto para a riqueza. Preparado para a união e para a solidão. Preparado para a vida e para a morte. E essa preparação é interior, o nosso coração tomado pelo Espírito Santo que nos garante a vida eterna, na importância ao que a traça não consome e o ladrão não rouba.
Diz a Bíblia que um homem rico era tão rico que já não havia espaço para guardar tudo que tinha, de modo que construiu celeiros enormes para poder acumular tamanha abastança. E após fazer tudo isso, pensou: “ah, agora posso descansar, estou feliz”. Mas eis que Deus naquele mesmo dia lhe disse: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma. E o que tens preparado para quem será?".
O que você tem construído nesta vida? Tesouros na terra ou tesouros no céu? Suas atitudes são condizentes com as de um cristão verdadeiro? São atitudes de misericórdia e de amor para com o próximo? Seu poder e sua riqueza para quem será? Haverá algo além disso quando a morte chegar? Ou só sobrará o desespero traduzido na súplica de alguém que clama: "eu não quero morrer, não me deixe morrer, eu não posso morrer, eu não estou preparado para isso, porque até então eu só pensei nesta vida, eu não sei o que me aguarda daqui pra frente".

O amor tem olhos de águia


O maior mito é o de que o amor é cego. O amor nunca é cego. A paixão é cega, porque a paixão é uma projeção de nossas próprias expectativas numa pessoa que aparentemente amamos, mas que apenas nos atrai e que na realidade não existe da forma como gostaríamos que ela fosse e muito provavelmente nunca será. O amor enxerga muito bem, ouve muito bem, sente muito bem. O amor é consciente, nunca um ébrio, porque para existir precisa ser real, e para ser real precisa ser correspondido, e para ser correspondido precisa de ações, porque só o que fazemos diz o que realmente somos e só se pode amar aquilo que conhecemos, reconhecemos, aquilo que é de verdade, aquilo que é bom em essência e sinceridade. Somos o que fazemos e não o que parecemos. Qualquer coisa que fuja disso é doença, obsessão, tara. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta, não arde em ciúmes. O amor não é mesquinho, não se ensoberbece, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Sofre porque um dia o outro morre. Crê porque um dia a gente se encontra de novo. Espera pela fé na outra vida. Suporta porque é realmente capaz de amar na saúde e na doença. Não tem ciúmes, porque o amor torna dois um só e seria ilógico ter ciúmes de si mesmo.