sexta-feira, 3 de junho de 2011

Felicidade

Perguntam-me se acredito em felicidade, como se fosse possível a luz conviver com as trevas, o vazio com o cheio, os altos e baixos. Afinal não é isso que a vida é? Altos e baixos. Acredito na alegria e no bom. Tudo que é bom é necessariamente real, sem ter que obrigatoriamente ser feliz, assim como nem tudo que faz alguém feliz tem que ser bom.
Felicidade em estado puro e absoluto é a energia de um plano elevado de existência, onde a morte, nas suas mais variadas formas, jamais triunfa. A morte do corpo, a morte da alma, a morte da inocência, da esperança, da compaixão.
Viver esta única vida que conheço é a eterna carência. Apenas os mortos não tem mais para o que lutar. Enquanto estamos vivos, nunca estamos contentes, porque nossas alegrias têm prazo de validade, como a fome, a sede e as coisas todas que precisam ser limpas, porque precisam ser sujas, e depois limpas, sujas, limpas.
Precisamos do contraste, porque só assim nossas conquistas terão significado. Se fôssemos permanentemente felizes, blindados contra qualquer sorte de infelicidade, a felicidade, contraditoriamente, não existiria, ou não queimaríamos nossos neurônios sequer para lhe chamar pelo nome. Como o ar que respiramos. Só vamos nos lembrar dele quando o perdemos. Mas o que é bom é sempre bom. Será sempre nobre, evoluído, altruísta, como o amor.
Dizem que temos de encontrar alguém que nos faça felizes, como se isso fosse possível. Amar não se pede e também não se deixa de amar porque se quer. O amor nos faz mais infelizes que felizes, porque amar é dar razão a quem não tem e continuar amando quando não mais se tem.

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