terça-feira, 12 de novembro de 2013

Mortes no trânsito

Existe algo de muito doentio em mães que protegem demais seus filhos, privando-os de qualquer dissabor, de qualquer "não", e mentindo pra eles quando eles não são tão bons em algo, simplesmente pra não lhes "abalar a auto-estima".
Tenho visto muitos acidentes no Brasil. Muita gente morta por filhos mimados na faixa dos 18 aos 21 anos, como foi o caso recente acontecido em rodovia próxima a Catanduva, que terminou na morte de uma menininha de 8 anos.
Nesses casos, geralmente o infrator é acusado de "homicídio culposo" (sem dolo, sem intenção). Felizmente, tenho visto uma tendência de os promotores entenderem o ato como homicídio doloso, com intenção de matar, considerando que a pessoa que dirige bêbada ou que dirige imprudentemente está ciente dos riscos e de que pode matar alguém.
A resposta da mãe do homicida ao saber que o filho continuaria preso? "É o que dá ser honesto. Meu filho não fugiu, ficou lá".
Ah... entendi... era pra ele ter fugido, né, mamãe, conforme a "senhora" certamente o ensinou e o acobertou todos esses anos. Mas acredito que pelo trauma de ver a menina morta, desta vez ele não pôde. O filho, afinal, superou o senso ético e moral da mãe.
E então me lembrei de que quem vinha me pagar a indenização pela morte do meu marido (cerca de 1000 reais em 10x), todos os meses, não foi o acusado de homicídio culposo (acidente acontecido em 2006). Foi a mãe dele, todos os meses, em mais uma tentativa de proteger o filho de mais esse "dissabor". Ele nunca teve a coragem de me encarar pra me falar a verdade e pedir perdão como se deve. Mesmo assim eu é que tive que tomar a iniciativa e dizer que já o tinha perdoado, mas eu sei bem a diferença entre arrependimento e remorso. E sei que muitos não sentem nem isso. Só sentem pena de si mesmos. "Coitadinho... está preso... não teve a intenção".
Coitado é quem perde um pai, uma mãe, um filho, um marido, qualquer amor que seja.
Acredito que a dor no peito por causar tamanha dor a alguém a mim só seria aumentada se eu não recebesse qualquer tipo de punição. O normal de alguém que causa dor a outro é tentar pagar e fazer o máximo possível pra amenizar essa culpa, pra melhorar a vida de quem ela prejudicou. Mas infelizmente o que vemos no Brasil são pais lenientes e filhos abobados, prontos a usar o carro como arma, pra tirar a vida de quem faz tanta falta neste mundo.
Eu espero que os "acidentes", que não são, nem nunca foram, meros acidentes, e sim atos de irresponsabilidade que culminam em assassinato, comecem a ser punidos com o mesmo rigor de quem porta arma sem autorização e por consequência fere alguém com isso.
A população está "desarmada". Será? E esses carros por aí afora, fazendo mais e mais vítimas e entupindo os hospitais? A vida tem que ter valor. E só vai ter valor quando eles pagarem. E caro.

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