O caso do garoto negro filho de pais
brancos discriminado em uma loja da BMW deve levar comerciantes a refletirem se
o atendimento em suas lojas tem sido pautado pelo preconceito. Se sim,
preparem-se para o prejuízo. Se estão atendendo bem e com gentileza (tema do
próximo Encontro da Mulher Empresária de Catanduva), preparem-se para os
lucros.
A
rádio CBN fez uma pesquisa colocando dois repórteres, um negro e um branco,
para serem atendidos em lojas do comércio do Brasil. Os dois de idades
próximas, vestindo roupas semelhantes. O tratamento dado ao negro foi pior em
grande parte dos estabelecimentos comerciais cariocas. Em uma loja de roupas
masculinas, ao negro foi oferecido um terno mais barato.
Preconceito
é sinônimo de prejuízo em inglês (prejudice). Como bem disse o economista
Marcelo Miterhof, articulista da Folha, “evitar comer um queijo mofado pode ser
sensato, mas corre-se o risco de desprezar uma iguaria”.
Atendimento
bom é atendimento bom para todos, mas no Brasil ser negro é sinônimo de ser
pobre. Muitos negros são mal atendidos porque o vendedor pensa que ele não terá
condições de comprar algo de grande valor. Outros ainda são julgados pela
roupa. Quando trabalhei numa concessionária de carros circulava uma história de
que um senhorzinho de aparência caipira, trajando roupas gastas e chinelos,
apareceu na loja interessado nos carros mais caros e quase não lhe deram
atenção. No dia seguinte ele voltou e comprou o carro mais caro. E à vista! Era
um rico fazendeiro das redondezas. Como se vê, pré-julgar nunca é bom. Mas ainda
que esse senhorzinho fosse mesmo tão simples e pobre quanto suas roupas
denunciavam, não mereceria ele um bom atendimento? Afinal, quem faz bem feito
faz bem feito como padrão de vida, não importando a quem. Não seria este o
sentido de bondade e gentileza que tanto buscamos atingir e que nos faz humanos?
Mesmo uma criança pedindo esmolas também mereceria um olhar mais atento, em vez
de ser simplesmente posta pra fora.
A pobreza do país é um incômodo
com o qual ninguém gosta de lidar, mas o egoísmo e a ignorância dos que podem
fazer alguma coisa podem sair caro demais. Para todos.
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